Questão:
Juros podem ser um instrumentos de estímulo da demanda?
2008-10-19 19:35:17 UTC
Isso é básico na teoria Keynesiana. Claro que não é qualquer movimento dos juros que possui esse efeito. Óbvio que a política fiscal é muito mais eficiente. Mas os juros tem um claro efeito nesse sentido na teoria dele. O que ele questionou é que às vezes talvez a expansão da base monetária tivesse um impacto limitado sobre os próprios juros e não tanto dos juros para a demanda. Quero opiniões.
Trzy respostas:
BARBOSA®
2008-10-20 17:38:39 UTC
Oba! Porrada...



Sr. B.C. (KKKKKKKKKKKKKK). Essa foi ótima.



-- Juros podem ser um instrumentos de estímulo da demanda?



Sem dúvida, direta ou indiretamente. Mas em se tratando de economia, nem sempre, quase nunca, alterar uma única variável garante os resultados almejados. Portanto, sim (ceteris paribus).



-- 1) vc concorda que, se o governo brasileiro reduzir a taxa de juros de 11% para 6%, trará algum estímulo à demanda ou ao menos não trará retração à demanda?



Concordo (ceteris paribus).



-- 2) Vc concorda que a expansão dos gastos públicos trará expansão da demanda?



Óbvio (ceteris paribus)



-- 3) vc concorda que a desvalorização planejada do câmbio trará alguma expansão da demanda a médio prazo ou ao menos não trará retração da demanda?



Aí temos um caso complexo: Veja bem: A desvalorização monetária só tem efeitos práticos (no curto ou médio prazo) se vier acompanhada por políticas monetárias ou fiscais contracionistas.



Por que? deve estar se perguntando. Simples, uma desvalorização na moeda local gera um aumento instantaneo na demanda por meio do aumento das exportações. Dada que a oferta no medio prazo é fixa. Imediatamente a produção passa a ser dirigida para o mercado externo e no mercado interno haverá desabastecimento e consequente aumeto de preços. Este aumento será generalizado e em pouquíssimos dias um processo inflacionário estaria implantado no país.



Diante do fato a expansão na demanda externa seria compensada pela retração na demanda interna. Haveria portanto apenas um redirecionamento na demanda e não uma expansão propriamente dita.



Logo, não posso concordar com essa afirmação, pois há outras variáveis a serem levadas em consideração. E mesmo que tais variáveis permaneçam constantes o processo inflacionário seria uma certeza que poderia mexer com as expectativas dos agentes econômicos tanto no médio quanto no longo prazos.



Mesmo que os preços permaneçam governamentalmente congelados, deve se lembrar do que ocorreu durante os Planos Cruzados I, II, III, IV, ...



-- 4) vc concorda que a expansão da demanda favorece o emprego?



Neste caso concordo com você, mas não de forma plena. Por exemplo, uma expansão na demanda por serviços bancários, não requer a mesma quantidade de trabalhadores que uma expansão na demanda em setores como siderurgia e metalurgia.



Acho que teria que fazer uma análise ao contrário, ou seja, o emprego como fomentador da demanda. Dessa forma, poderiamos almejar que a demanda aumentaria proporcionalmente à medida que os ganhos de produtividade fossem repassado aos trabalhadores (vide o Fordismo americano), gerando um ciclo virtuoso onde mais empregos geraria mais salários, o aumento da produtividade (vide o exemplo dos bancos) melhoraria os salarios já existentes e, estes dois pilares juntos, sustentariam o aumento contínuo da demanda (contínuo, mas não proporcional). Oque por sua vez seria um estímulo a geração de mais empregos e mais busca por ganhos de produtividade, dando continuidade ao ciclo.



Fatores como, repasse integral (ou não) de ganhos de produtividade; aumento populacional; propensão marginal a consumir ou poupar, dentre várias outras variáveis determinaria sua resposta de forma mais clara e próxima da realidade.



-- 5) Vc tem certeza que certeza, especialmente em teoria econômica, está mais perto da ignorância do que do entendimento da realidade?



Felizmente isso não se aplica a mim e pelo visto nem ao Nobel de Economia o "chegado" Paul Krugman. Pelo menos quase tudo que eu previ, tem acontecido.



-- tem alguma utilidade para nosso debate acerca da política econômica?



O que, a "certeza"?



-- as políticas de juros baixos, câmbio desvalorizado e crescimento dos gastos públicos são as políticas mais fundamentais de estímulo ao crescimento econômico?



Bom, minha opinião é a seguinte:



Não há políticas certas ou erradas se não sabemos as metas a qual o Governo persegue. No caso específico do Brasil, como já tenho dito a mais de dois anos aqui no YR!, sou contra a utilização tão enfática da taxa de juros como a única forma de controle inflacionário. Acho que já poderiamos estar com uma taxa próxima dos 6% e até mesmo com uma inflação um pouco maior, mas sob controle. O câmbio sou a favor da permanência do flutuante. Em relação aos gastos públicos, sou a favor de uma queda drástica ou ao menos gastos de forma responsável, com sensatez e consciente, algo que não existe hoje neste governo.



Esta é minha opinião.



Barbosa.
ஃ panen et circenses ஃ
2008-10-20 03:33:52 UTC
A tese tem um mecaniscismo típico: baixa-se a taxa de juros e os investimentos são relançados. No mundo real as coisas são muito mais complicadas. Trata-se de uma desconfiança acerca do discurso político de uma certa corrente política, um papo simplista que se apresenta como certeza matemática Gustavo. Ao falar de política econômica fazendo os julgamente acima você não estava fazendo ciência e sim política. Aliás quem vende certeza são os pregadores religiosos e os políticos. Cientistas falam de possibilidades, de associações e por aí vai.....



A falha foi seu menosprezo ao papel das expectativas (fundamentais na questão do investimento). Portanto, minha resposta: não necessariamente!





(...)





No texto está dito que a queda nos juros e/ou o aumento dos gastos estatais, em situação de desemprego, expande a demanda agregada e conseqüentemente a oferta agregada "gerando" o crescimento. Ou seja a oferta agregada é tudo que a demanda quer (não coloca empecilhos à expansão da demanda). Érro ao dizer que esta tese está presente no seu texto? Não! É a essência da sua tese? Sim! As 4 perguntas que colocas para serem respondidas deixam isto bem claro. Note que todas se referem à expansão da demanda. Nenhuma traz qualquer preocupação com oferta. Isso só faz sentido se você tem como hipótese que oferta é tudo o que a demanda quer. Insisto: desdenhar esperanças, logo, problemas de oferta é keynesianismo vulgar, hidráulico, mecanicista. Como todo keynesiano hidráulico, mecanicista e vulgar há nele uma desconsideração absoluta pelo lado da oferta. Quanto à 5ª questão, lógico que p/o debate importa. Certeza expressa dogmatismo (não como rigor às premissas e sim como algo que não pode ser questionado, como os dogmas religiosos). Ora, se você "sabe" que a oferta não oferece problemas para a expansão da demanda, pq seguir esse debate, se essa questão fundamental já está esclarecida? O meu tom é que não se pode tomar como certo que oferta nunca atrapalha expansão da oferta, mesmo que haja desemprego. Os limites não são só físicos mas tmb de preços relativos. Ver é se, com aquele vetor de preços relativos, sempre é lucrativo expandir a capacidade instalada? Digo que é preciso verificar cada caso específico/histórico.



Aí é que você torce as coisas e vem dizer que não enfrento a questão empírica. Mas quem apresentou a tese de que não havia problemas de oferta foi você. Eu apenas lembrei que isso não era bem assim. Como responde? Jogando o ônus da prova da sua tese para mim. Vem cá caro Gustavo, faça-me o favor!!! Você, no trecho, faz afirmativas genéricas e diz que cabe a mim provar que elas não são válidas. Tenho +o que fazer do que cair em armadilhas preparadas pelo debatedor.
Andre R. G. Sanchez
2008-10-20 06:28:50 UTC
1) Sim.



2) Por definição.



3) Em si, não.



4) Em si, não.



5) Não. Politica economica, sem entendimento da economia, é equivalente a atirar facas no escuro, ou administrar um negócio sem olhar pro caixa.



Keynes era um louco. A demanda é irrelevante, porque a demanda é em si, infinita. Todos querem consumir o máximo de riqueza, se pudessem. Acontece que para consumir, você precisa primeiro produzir. O centro da teoria econômica é a produção. Se você consome sem produzir, alguém está produzindo sem consumir.



A "Lei de Say": A oferta cria sua própria demanda.



O inverso é impossivel fora de uma sociedade escravagista, já que a única maneira de comprar algo é oferecendo algo em troca.


Este conteúdo foi postado originalmente no Y! Answers, um site de perguntas e respostas que foi encerrado em 2021.
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